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Análise / Review: Foul Play

Que tal conhecer a história de um Caçador de Demônios, interpretando a aventura de sua vida numa peça teatral magnífica, descendo o sarrafo nos pobres figurantes?

Foul Play é exatamente isso: um Beat’em Up com uma proposta extremamente inovadora, com um estilo único e visuais simples porém muito agradáveis, com cooperativo online e local para dois jogadores.

Ficha Técnica

Gênero Beat'em Up
Aventura
Desenvolvedora MediaTonic
Publicadora Devolver Digital
Cooperativo Online 2 jogadores
Cooperativo Local 2 jogadores
Cooperativo em Rede Local Sem suporte
Data da lançamento 18/09/2013
Data da análise 07/11/2013

Requisitos Mínimos

Processador 3 GHz
Memória 2 GB
Vídeo (NVIDIA) GeForce 6200
Vídeo (AMD) Radeon X600

Enredo

Teatro

Você é Baron Dashforth, um demonologista renomado, que protegeu o mundo de demônios e criaturas ocultas por décadas. Até aí, tudo bem.

Ei então que surgiu uma ideia genial: produzir (e estrelar) uma peça teatral, que irá documentar todas suas aventuras.

É exatamente isso que o jogo é: uma peça de teatro. Todo cenário é cenográfico, movido por engenhocas e por pessoas. Os inimigos são figurantes, vestidos a caráter.

Acompanhado do seu aprendiz Scampwick Steerpike, você estrela essa peça fenomenal para contar a história de sua vida, com um único perigo real: a aprovação do público!

Para isso, você deve criar um espetáculo: não adianta bater nos figurantes aleatoriamente, você tem que fazer bonito, afinal, todos querem um show de verdade!

Campanha

A história começa nos desertos do Cairo, em 1895, onde o império Britânico havia perdido contato com um sítio arqueológico na região, e nosso herói vai até lá, suspeitando que trata-se de um “Golpe Sujo” (Foul Play).

Prepare-se para um enredo repleto de drama, com um humor leve mas constante – tanto nos diálogos, na atuação dos figurantes, como até no próprio cenário, eventualmente!

A campanha é composta por 22 atos, separados em 5 cenas. Se você (também) não entende bulhufas de teatro, vou simplificar: são 22 fases separada em 5 capítulos!

Ambientação

Mas não se engane: mesmo tendo um design cartunesco e pitadas de humor, o jogo não é nada superficial – progredindo nas fases você irá liberar páginas do diário de Baron Dashforth, que contam em detalhes sua história e seu perfil, e certamente servem muito bem para contribuir com a imersão na história do jogo.

Não sabe ler inglês para acompanhar a história? Não tem problema, o idioma do jogo pode ser mudado para português! Basta dar propriedades do jogo na biblioteca do Steam, e pronto!

Progressão

Fama

O jogo conta com algumas linhas de progressões, que são simples porém suficientes para sua proposta.

Toda pontuação que você consegue nas fases é proporcionalmente convertida em pontos de fama, que servem para fazer seu personagem passar de nível.

Manobras Avançadas

Porém, ao passar de nível, não espere ser capaz de tomar mais golpes, causar mais danos ou andar mais rápido: você simplesmente irá liberar uma nova habilidade – chamadas de Manobras Avançadas (Advanced Manouvres).

São ao todo 12 níveis de personagem, ou seja, 11 manobras a serem liberadas. Cada uma das manobras tem uma combinação de comandos para ser efetivada, bem como uma condição para serem executadas, e certamente poderão facilitar o seu jogo e aumentar sua pontuação – claro, se devidamente utilizadas.

Talismãs

Outra progressão são os talismãs (charms). São como itens, que fornecem bônus passivos ao personagem, e pode-se equipar até dois simultaneamente.

Adquiri-los, porém, não é algo tão fácil assim, e muito menos acidental. Para liberar um charm, você deve completar os desafios (challenges) nas fases.

Desafios

Das 22 fases do jogo, 17 terão desafios. Ao completar os 3 desafios de uma determinada fase, você irá receber o seu respectivo charm, e poderá equipá-lo posteriormente.

Felizmente, não é necessário fazer os 3 desafios de uma vez só: você pode repetir a mesma fase várias vezes, cumprindo as challenges isoladamente, e ainda sim garantirá o seu charm. Assim fica mais fácil, certo?

Pontuação

A última progressão, que não influi em nada a não ser em seu ego, é a própria pontuação adquirida em cada fase.

O jogo conta com uma leaderboard, onde você pode disputar sua pontuação com amigos e jogadores de todo mundo. Um prato cheio para os mais competitivos!

Como falei anteriormente, são todas progressões bem simples, e cada uma cumpre seu papel e é uma meta para cada perfil do jogador: jogadores casuais ficarão satisfeitos pegando o nível máximo e alguns charms; jogadores intermediários tentarão pegar todos os charms, enquanto jogadores entusiastas ficarão imersos em busca do maior escore possível. Simples, mas pra todos os gostos e estilos.

Jogabilidade

Beat’em Up

Isso é a primeira tela que você verá ao entrar no jogo. Não que o jogo precise de joystick para ser jogado (dá pra jogar normalmente no teclado), mas de fato, em dicas e na aba de Manobras Avançadas, todas as referências de botões são para o controle de Xbox 360.

Os comandos são bem padrões para Beat’em Ups, e sem muita complexidade: você utiliza as setas para se movimentar, pula com espaço.

Você possui dois botões de ataques, A e S. O primeiro é utilizado para ataques mais rápidos, e junta combos mais facilmente. Já o segundo é um pouco mais lento, mas é mais utilizado para levantar inimigos para o ar, ou mandá-los para o chão ou para longe.

Não há combos prontos ou algo assim – você tem a liberdade de ligar golpes com os dois botões de ataques livremente, conforme cada situação. É muito fácil também manter os inimigos no ar, fazendo combos aéreos.

Um botão muito interessante é o de bloqueio, D por padrão. Inicialmente, você utilizará muito raramente, mas a medida que passar dos primeiros níveis, irá liberar várias manobras avançadas que começam com o bloqueio.

Indicador

Quando um inimigo for atacar, aparecerá um indicador de que ele atacará. Se você estiver perto dele e apertar o bloqueio, seu personagem se posicionará sobre ele, e a partir daí poderá desempenhar alguma manobra avançada.

Há também o botão de esquiva, Shift esquerdo, que pode ser usado para desviar de ataques. A esquiva pode ser usada no meio de golpes e sequências, garantindo uma espécie de invulnerabilidade temporária com uma leve movimentação. Muito útil!

Espetáculo

Um recurso muito legal também é o Espetáculo (Showstopper) – quando sua barra de especial é enchida, você pode ativá-lo apertando E.

Durante o Espetáculo, o seu multiplicador de combos é dobrado – portanto, é uma ótima chance de conseguir um escore elevado, além também de servir como botão de pânico caso você deixe sua aprovação ficar muito baixa e precise subi-la rapidamente.

Medidor de Humor

A grande inovação do jogo é a falta de uma barra de vida. Você não vai encontrar itens que encham vida, como comida, armas temporárias, nada. Sua única preocupação é a aprovação do público!

Ao desempenhar combos, o Medidor de Humor da platéia irá aumentar, eventualmente enchendo e aumentando o multiplicador de pontos. Caso você leve um golpe, irá perder uma porção dessa barra.

Ou seja, sua sobrevivência exige não só que você evite golpes, mas também que faça sequências com frequência. A barra de vida é o marcador amarelo, e a barra de combo é o marcador vermelho.

Apesar de sua originalidade, a jogabilidade segue um padrão: você encontra inimigos médios e grandes, espanca todo mundo, e segue para a próxima tela.

Entre as transições de tela, muitas vezes o jogo pede que você pise sobre a luz de palco, geralmente indo para uma mini-cutscene em seguida.

Bis!

Após o final de algumas fases, o jogo tem uma pequena fase de bônus, chamada de Bis (Encore). Nela, inimigos começam a vir de ambos os lados, e para nossa felicidade, morrem com apenas um golpe.

É um momento final para aumentar a sua pontuação, e com sorte, conseguir completar aquela estrela extra que faltava!

Tudo isso só acontece, é claro, exigindo que você aperte o botão de ataque loucamente sem parar!

Arte

Estilo e animação

O jogo possui um estilo cartunesco muito único, com traçados simples e planos, porém com texturas vivas e detalhadas.

As animações são simples, mas muito intensas: ocorrem de todos os lados. Um inimigo derrotado, que é um ator, irá sair de palco após um tempo no chão, se arrastando, por exemplo. Nas transições de tela, o cenário irá se movimentar, seja por roldanas, cabos, ou mesmo sendo levantado e arrastado por personagens!

Em certos momentos, fica difícil até de se localizar: como não há um senso muito bom de profundidade, é relativamente comum você se “esconder” atrás de um grupo de inimigos maiores, e não saber exatamente onde está, por não haver um indicador sobre o personagem.

Aliando o seu design com a constante movimentação de cenários, o resultado final é uma obra bem agradável de se ver, e certamente o seu artwork contribui com a carga de humor do jogo. Os efeitos de combate seguem o mesmo estilo, e contribuem para a caracterização cartunesca.

Interface e menus

A interface é bem separada: no topo do meio da tela localiza-se a barra de aprovação do público. A esquerda fica a barra do seu personagem, onde há uma barra mais a esquerda para o medidor de showstopper, e ao lado do seu nível, a barra de progresso para o próximo nível, logo acima de sua pontuação atual da fase.

Eu diria que é bonita, limpa, detalhada, mas é pouco intuitiva pra quem está começando. Especialmente considerando a intensidade dos combates, por horas é muito difícil reparar se sua barra de showstopper está cheia, ou o quanto falta para o próximo nível.

O menu do jogo é muito belo, e também é extremamente coerente com o estilo visual e com o próprio background do jogo. Até no site deles eles tiveram esse trabalho, e o resultado é muito legal.

Sons e música

A música é razoável – embora encaixe na temática do jogo, dificilmente consegue capturar a atenção. Acho que especialmente pelo fato do jogo ter muita atenção visual, sobra pouco espaço para algum destaque sonoro.

Dessa forma, os sons de luta, que são muito repetitivos, nem incomodam, pois a experiência visual é muito agradável, e te captura totalmente. E olha que eu sou bem auditivo, hein!

Um detalhe peculiar é o “voice acting” do jogo: os personagens simplesmente murmuram algo curto, e a legenda explica o que ele está falando! O resultado é bem engraçado, especialmente considerando as falas humorísticas.

Enfim, nota 10 pro estilo artístico criado: repleto de detalhes, vivido, e cômico. Não podia ser melhor, e certamente é um dos pontos fortes do jogo.

Cooperativo

Sem drop-in

O jogo conta com suporte a dois jogadores, em modo local ou online, podendo jogar a campanha inteira cooperativamente.

Infelizmente, não há suporte para drop-in – só é possível um segundo jogador entrar na tela de seleção de jogadores, anterior à seleção de fases.

A falta de drop-in é sempre uma decisão ruim para jogos menores, pois caso você queira jogar com desconhecidos, provavelmente não encontrará jogos, e se quiser criar, poderá acabar esperando por muito tempo até que alguma alma corajosa apareça em seu jogo. E com o Foul Play, não é diferente…

Cooperativo local

Para jogar no modo local, é possível que os jogadores utilizem teclado e/ou joysticks, da forma que quiserem.

Após entrar com o segundo jogador, a tela de seleção de fases fica um pouco expandida, e o jogo permite inclusive que os jogadores equipem Charms diferentes.

Cooperativo online

Para quem quiser se aventurar online, apertando TAB na seleção de jogadores será aberto o menu de Jogo Online.

Caso queira entrar num jogo, você pode ir em Partida Rápida, que irá entrar em qualquer jogo público criado, ou clicar em Encontrar Partida, que abrirá um Lobby com todas as partidas públicas criadas.

E sobre Lobby, o jogo também cometeu outro erro clássico: não mostrar o ping do jogador. Na listagem do Lobby, ele informará apenas o nome do jogador, o nível, e o seu progresso atual.

Não encontrou nenhum jogo? Você também pode criar sua própria partida, escolhendo a privacidade dela (jogo público ou privado). Após criar a sala, pode facilmente convidar um amigo do Steam apertando novamente a tecla TAB.

Jogar com um amigo certamente torna as coisas mais interessantes. O detalhe mais legal é a possibilidade de ficar jogando ping pong com os inimigos: um jogador pode arremessar um inimigo até o outro, que pode pegá-lo, fazer uma sequência, e devolvê-lo.

Em termos de pontuação, até complica um pouco mais, pois os combos ficam mais divididos, e os inimigos se separam com mais facilidade.

O jogo pode inclusive ficar mais difícil, se o outro jogador for ruim, já que a vida é compartilhada através do Medidor de Humor. Por isso, o escore de partidas multiplayer é separado das partidas singleplayer.

O jogo não possui chat por texto, porém inclui um chat por voz nativo (que por sinal, fica ativo o tempo todo). Aqui sim o jogo merece aplausos, pois de fato conversar por texto no jogo seria impraticável. Então, palmas para a MediaTonic!

Veredito

Como sou um grande fã de Beat’em Ups desde a época de Golden Axe, não tem como não ficar encantado com o jogo. Apesar de toda simplicidade, o jogo realmente tem algo mágico, que nos enfeitiça com o conjunto de seus gráficos e seu humor.

O combate é simples e intuitivo, com uma curva de aprendizagem amigável – especialmente para quem já é familiar ao gênero. A história também é um tanto interessante, o que é bem incomum para jogos do gênero.

Os únicos pontos fracos que considerei são a listagem de comandos mostrando botões do Xbox 360, a falta de drop-in, e a falta de exibição do ping no lobby online.

Ainda acrescento que o jogo poderia muito bem ter outro modo de jogo fora a campanha, visando outros tipos de desafio, que poderiam aumentar sua vida útil. Mas tudo bem, não chega a fazer falta, considerando o número de desafios que a campanha oferece.

Fora esses pequenos detalhes, não tenho do que reclamar: o jogo já me rendeu boas horas de diversão, tanto sozinho quanto acompanhado do Musadriff.

Resumindo: recomendo muito para jogadores casuais que apreciem humor, história e estilo nos jogos, e especialmente para fãs de Beat’em Ups, que irão achar os controles bem responsivos e poderão apreciar a liberdade de movimentação e de criação de combos nos combates.

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