Análise / Review: Magicka
Que tal ser um mago, com a liberdade de combinar elementos para criar suas magias, sem depender de mana ou cooldowns, e poder soltar magias livremente?
Magicka é um jogo único em muitos aspectos, e sua jogabilidade interativa e livre se destaca neste fim – especialmente cooperativamente, onde até 4 magos se ajudam (e muitas vezes se atrapalham) enquanto seguem na história do jogo.
Ficha Técnica
ARPG (Action Role-Playing Game)
Requisitos Mínimos
Enredo
A história começa no meio de uma grande crise, onde uma missão urgente cai sobre você e seus colegas, Magos da Ordem de Magicka. Aparentemente, a cidade de Hávindr está sobre cerco! Portanto, você deve deixar seu confortável castelo repleto de deliciosos cachorros-quentes e queijos chiques, e apressar-se para ajudar o Rei.
A aventura principal é dividida em 12 capítulos, e zerar pela primeira vez leva cerca de 8 horas.
O jogo possui muito humor, e várias referências diretas e indiretas a outros títulos famosos, dentre eles: The Elder Scrolls V: Skyrim, Warhammer Fantasy, Warhammer 40,000, Star Wars, Star Trek, World of Warcraft, Counter-Strike, The Legend of Zelda, Neverwinter Nights, 300, The Lord of the Rings, The Colour of Magic, Castlevania, Highlander, Homestar Runner, Platoon, Indiana Jones, SkiFree, Tron: Legacy, Moonstone: A Hard Days Knight, Portal, Monty Python and the Holy Grail, Queen, Fullmetal Alchemist, Back to the Future, South Park, Unreal Tournament, Harry Potter, Metal Gear, Diablo e Minecraft.
Progressão
Aqui o jogo já se destaca bem, pois de certo modo, é meio retrô nesse aspecto. Não há sistema de nível, por exemplo, que é “regra” hoje em dia (até em jogo de corrida). Não há moedas, não há lojas para comprar itens, não há um “inventário” por assim dizer… é tudo bem simplório. Você começa o jogo quase com a mesma força com que termina ele – portanto, para enfrentar os desafios que aumentam à medida que o jogo passa, depende praticamente apenas de sua habilidade no jogo.
Corrigindo, existe sim um inventário, mas é muito simples, e em geral é meio “temporário”: seu inventário consiste de uma arma e um cajado.
Como arma, você a utilizará para golpear os inimigos. Algumas armas tem apenas um dano e velocidade diferentes, mas outras tem efeitos elementais, e até efeitos especiais como simular efeitos de magias.
Já os cajados costumam dar alguma habilidade passiva (ou mais de uma), como uma aura de regeneração, redução de dano, etc, e também usualmente possuem uma habilidade ativa única, que pode ser ativada quando você quiser.
Digo que é um sistema secundário, pois embora faça diferença, é muito fácil de o jogador perder seus itens: basta morrer, e eles caem no chão. Durante a aventura, você encontrará várias armas e cajados, e com certeza perderá eles várias vezes também.
Talvez a forma mais significativa de progressão sejam as Magickas (Magicks). No decorrer da aventura, o jogador poderá encontrar até 21 magias, que são ativadas com uma sequência específica de elementos, e precisam ser aprendidas durante a história para serem usadas. Para aprender uma Magicka, usualmente o jogador deve achar o livro dela numa fase, e algumas delas são aprendidas automaticamente em alguns momentos do jogo, como parte da história, por exemplo.
Existem Magickas poderosas, que certamente devem facilitar e muito um novo jogo, onde o jogador pode ir atrás de outro tipo de progressão: Achievements. O jogo conta com 68 Achievements, e para quem gosta de ir atras deles, deve levar um bom tempo e um bocado de trabalho para tê-los.
Jogabilidade
Aqui é onde o jogo realmente se destaca. Você possui acesso a 8 elementos: Água, Raio, Vida, Arcano, Escudo, Terra, Frio e Fogo. Cada elemento possui sua tecla de ativação, utilizando por padrão as teclas QWER/ASDF.
Ao apertar a tecla de um dos elementos, ele é adicionado a sua fila de elementos carregados, e já está pronto para ser usado. Você pode usá-lo de várias formas: se usar o botão direito, irá jogá-lo diretamente na direção em que estiver mirando: seja um “lança-chamas” de fogo, seja um raio arcano, seja uma pedra arremessada…
Além do efeito direto, magias podem ser usadas em área (SHIFT + botão direito), conjuradas sobre você mesmo (botão do meio do mouse), imbuídas em sua arma (SHIFT + botão esquerdo)… pense que para cada comando desses, os elementos conjurados terão um efeito único no jogo, um uso específico. Complicado?
Imagine então que você sua fila pode ter até 5 elementos, e você pode combiná-los. Se combinar fogo e terra, lançará uma pedra que ao bater, explodirá em chamas, ou seja, uma Bola de Fogo! As possibilidades são inúmeras.
Além da combinação de elementos para efeitos, existem interações complexas: se você jogar água num inimigo, ele ficará molhado. Um inimigo molhado tomará dano extra de choque. Se você usar fogo sobre ele, o secará. Se usar fogo novamente, ele ficará em chamas, e jogar água ou frio irá apagar o fogo. Um mago molhado não pode nem tentar usar magias de choque – ao tentar adicionar o elemento em sua fila, este tomará dano!
Não há interação apenas entre elementos e status dos mesmos – também é possível interagir com o cenário muitas vezes. É possível congelar rios para poder andar sobre eles, congelar magma também, entre outras situações.
Também existem elementos contrários, que não podem ser combinados. Se você por fogo em sua fila de elementos, assim que tentar adicionar frio, este anulará o elemento de fogo da fila. Vida anula arcano, água anula choque, terra também anula choque… enfim, mais complicação ainda!
E pra finalizar essas complicações, existem dois subelementos: se você adiciona água e fogo, eles se combinam e formam fumaça, assim como água e frio se combinam para formar gelo. E tal qual elementos distintos, eles tem seus próprios efeitos.
E não poderíamos esquecer das Magickas! Como explicado anteriormente na seção de progressão, elas são aprendidas no decorrer do jogo, e para serem utilizadas, o jogador precisa colocar na fila seus elementos em sequência, e conjurálas apertando a barra de espaço.
Ufa! É isso aí. Agora imagine você ficar usando dos elementos, o tempo todo, para conjurar Magickas, criar efeitos de magias, tentando manter-se vivo, inimigos distantes, etc… é bem difícil! Tudo isso sem contar com sistemas de progressão que tornem o jogo mais fácil. Apesar da complicação excessiva, é uma jogabilidade muito divertida.
Naturalmente, todos comandos podem ser reconfigurados, mas seria no mínimo interessante manter a sequência das teclas dos elementos.
Arte
Gráficos e interface
O jogo possui gráficos impressionantes: são bem coloridos, e os efeitos de magias e cenários são bem vividos. Dessa forma, o jogo acaba demandando muito das placas de vídeo, apesar do visual simples, é comum algumas placas de vídeo terem problema com sobreaquecimento, inclusive!
Sons e música
Os sons e a música também fazem um belo trabalho na ambientação, e combinam muito com o jogo. Nada espetacular, porém muito bom, com certeza.
Não podia deixar de ressaltar um aspecto também único do jogo: a narração e dublagem dos personagens. As próprias falas dos personagens seguem algum dialeto muito engraçado, que hora parece inglês, hora parece qualquer outra coisa ininteligível, e com certeza contribuem mais ainda para o humor.
Cooperativo
Com suporte a até 4 jogadores simultâneos, seja via Internet, LAN ou na mesma máquina, o jogo fica muito interessante cooperativamente. Os jogadores podem combinar suas magias (um joga água, o outro raio ou frio para congelar, por exemplo), ou potencializar as mesmas (raios cruzados formam um raio maior e mais forte), entre outras situações que só podem ocorrer em multiplayer.
Porém, nem tudo que reluz é ouro: os malditos deixaram friendly fire ativo o tempo todo! É muito normal você explodir o seu amigo “sem querer querendo”… mas sem problemas, afinal, todos têm a magia de ressurreição! Mas é um fator complicadíssimo, afinal exige dos jogadores um cuidado muito grande na hora de elaborar estratégias de luta e sobreviver.
Infelizmente, a câmera não ajuda muito nessas horas, e é impossível afastar-se dos seus aliados… portanto, tenha isso em mente também!
Apesar das limitações e dificuldades, a experiência cooperativa é muito gratificante e divertida – especialmente considerando que o jogo não possui um sistema de level, é só entrar no jogo do amigo e ajudá-lo (ou atrapalhá-lo, fica a seu critério!).
Além da campanha, é possível jogar o modo Challenges junto, onde os jogadores devem sobreviver a ondas de monstros o máximo possível, e para os mais competitivos, há o modo Versus, onde você enfrenta outros jogadores em batalhas até a morte.
DLC
O jogo possui mais de 20 DLCs! A maioria delas apenas adiciona alguns itens (novos sobretudos, “Robes”), outros adicionam novos estágios para Challenges ou Versus.
Os sobretudos, escolhidos pelos jogadores antes de iniciarem uma partida, definem os itens iniciais do jogador, e alguns também dão algumas características extras, como imunidade e resistência a certos elementos, e alterar sutilmente a jogabilidade ou função do jogador em função disso, permitindo estratégias novas.
Outros adicionam uma nova campanha, como The Other Side of the Coin, Dungeons and Daemons ou The Stars Are Left, que certamente são muito úteis para quem já zerou o jogo ou simplesmente está enjoado da campanha principal.
Veredito
Magicka é um jogo único, e apenas pela sua jogabilidade, já vale a pena jogá-lo e valorizá-lo… certamente foi um trabalho excelente que fizeram em desenvolver e executar o conceito sobre o qual o jogo se baseia.
E bom, se você puder apreciar o humor constante, e vivenciar isso numa experiência cooperativa, o resultado é magnífico, e não há motivos para não jogar este título. Diversão garantida!
