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Análise / Review: Meltdown

Você é Zed, loiro barbudo, com uma bandana vermelha na cabeça e uma armadura azulona no corpo, e enfrentará um exército de robôs que piraram na batatinha numa estação espacial.

Meltdown é um jogo que surgiu como um jogo mobile, e está tendo sua versão adaptada gradualmente para o Steam, porém surpreende em sua riqueza e complexidade, se comparado aos jogos mobiles comuns.

Se acha que perigoso aventurar-se pela estação espacial sozinho, chame seus amigos: o jogo já conta com modo cooperativo online e local para até 4 jogadores!

Ficha Técnica

Gênero Top-Down Shooter
Ação
Arcade
Desenvolvedora Phenomenon Games
Publicadora BulkyPix
Plug In Digital
Cooperativo Online 4 jogadores
Cooperativo Local 4 jogadores
Cooperativo em Rede Local Sem suporte
Data da lançamento 05/06/2014
Versão analisada 1.45
Data da análise 19/04/2014
Processador Dual Core 2 GHz Dual Core 3 GHz
Memória 1 GB 4 GB
Espaço em Disco 250 MB 1 GB
Vídeo 256 MB 1 GB
Direct X 9.0c

Enredo

Tutorial

O jogo não possui cutscenes ou vídeo: a pouca história que te informam ocorre no começo da fase-tutorial, onde você desce de nave numa estação espacial remota na pele do personagem Zed, que é informado que há um defeito na estação, e como resultado disso, todos os robôs estão loucos. À la Mega Man X.

Cabe a Zed passar por todos os perigos da estação, com o objetivo de chegar em seu núcleo e destruí-lo. À la Warframe.

Logo após receber essa maravilhosa missão, inicia-se o tutorial, que certamente frustrará os jogadores que tentarão atirar e verão que não terão munição de começo! Basta prosseguir fazendo tudo que for pedido, e chegar ao final da fase inicial.

Campanha

A campanha conta com 30 fases sequenciais – com direito a 3 chefões nesse percuso.

Além do modo de missões, o jogo conta também com uma fase de survival infinito (Wave Attack) de ondas de inimigos, e uma fase gerada proceduralmente conforme o seu nível (Quick Play).

Progressão

Níveis

O jogo conta com uma gama ampla de sistemas de progressões – muita coisa pode ser gasta, e portanto, acumulada.

Pra começar, experiência. O jogo conta com um sistema interessante de nível, onde o nível máximo é 55, e ao passar de nível, você ganha 1 ponto para distribuir nas árvores de skills.

As skills são divididas em 3 árvores: Especialista (com skills voltadas a preservação de munição), Soldado (com skills voltadas a dano) e Médico (com skills voltadas a sua sobrevivência). Todas as skills são passivas, e possuem ou um bônus em porcentagem, ou uma chance de ativação.

Cada árvore conta com com 6 habilidades, e cada habilidade possuindo 3 níveis. Dessa forma, no nível 55, você terá acesso a todas as skills.

Prestígio

Mas não para por aí: ao pegar todas as skills, você poderá habilitar o modo de prestígio, que é popularmente conhecido como reset, que serve para aumentar sua vida e escudo máximos, também aumentando o nível máximo de suas armas, porém resetando seu personagem ao nível 1, bem como removendo todas suas armas e fases liberadas. Aparentemente, há um limite de 3 resets.

Naturalmente, você irá precisar de dinheiro no processo. Você irá usar dinheiro para muitas coisas: comprar armas, melhorá-las, resetar árvore de skills do personagem… como sempre, é o motor do mundo, e em Meltdown não é diferente.

Caixas do Mistério

Outros 2 itens coletáveis, juntamente com dinheiro, são chips e vidas extras. Chips são utilizados apenas no upgrade de armas, e vidas extras podem ser gastas para você continuar uma fase após morrer.

Uma forma interessante de ser recompensado no jogo são as Caixas do mistério, pequenos cubos dourados com uma interrogação, que você poderá encontrar durante as fases. No final de cada fase, você terá a chance de abrir todas essas caixas, e ser agraciado com XP, dinheiro, chips, vidas extras, ou… nada.

Armas de fogo

Vamos para o que importa: armas! Você começará com apenas uma arma de longa distância (SMG) e uma arma corpo-a-corpo (Combat Knife). Passando de nível, você irá destrancar armas adicionais, mas terá de comprá-las com dinheiro.

As armas de longa distância possuem mais complexidade: além de serem compradas, elas poderão ser melhoradas posteriormente, fornecendo bônus passivos ou de chance de ativação à arma melhorada. Cada arma possui 3 linhas com 2 habilidades em cada, e cada habilidade possui até 3 níveis.

Ao atualizar uma arma, você efetivamente sobe o nível dela, sendo o nível máximo padrão de cada arma 9. O custo do upgrade de arma, em dinheiro e chips, não é relativo ao upgrade selecionada, mas sim ao nível da arma. Como você gasta dinheiro e chips para subí-la de nível, você pode depois resetar os upgrades de cada arma individualmente, sem nenhum custo.

Passar armas de nível também é relevante, pois todas as armas de longa distância, ao serem maximizadas, irão liberar acesso a uma outra arma, que é na prática uma espécie de versão alternativa delas.

Armas corpo-a-corpo

Armas corpo-a-corpo não possuem upgrades, e são apenas destravadas por nível do personagem, e a única distinção entre elas é o dano. Velocidade de ataque, alcance, animações de ataque, nada muda.

Missões

Além de todas essas variantes, a progressão mais óbvia são as missões, que devem ser liberadas uma a uma para ter acesso à próxima. O modo de survival Wave Attack é destrancado ao atingir nível 30 com o personagem.

Muitas coisas para se acumular, upgrades de personagem e armas, liberação de armas, e ainda por cima um sistema de reset! Nada mal para o joguinho, não é?

Sistema de armaduras

Na atualização 1.5, lançada após a análise, adicionaram um complexo sistema de armadura, onde você compra também itens de armadura e monta o visual do seu personagem, fornecendo bônus variados que especializam o personagem.

Jogabilidade

Movimentação completa

A movimentação é feita com as teclas WASD, com o personagem ficando sempre no centro da tela, e mirando livremente utilizando o mouse.

O jogo conta com uma mecânica simples de cobertura, que permite ao personagem se esconder atrás de caixas e outros obstáculos, simplesmente por se aproximar deles, e ficar sem atirar.

Além disso, você pode utilizar a barra de espaços para aumentar sua mobilidade, seja rolando quando usava livremente, seja pulando por cima de obstáculos quando usada perto dos mesmos.

Você atira com o botão esquerdo do mouse, e pode alternar entre armas usando o scroll do mouse ou a tecla TAB (você poderá levar duas armas de longa distância em casa fase).

Cada arma possui uma quantidade diferente de munição, e muitas delas certamente irão acabar durante as fases, sendo necessário o rodízio de certas armas.

Apertar o botão direito irá fazer seu personagem dar um ataque corporal na direção em que você está mirando. Você pode fazer uma pequena sequência de até 4 ataques, onde o quarto ataque fará um ataque giratório devastador, com potencial de acertar vários inimigos e derrubá-los. O ponto fraco é que o ataque é meio lento, e te deixará um tanto vulnerável durante sua duração.

Sobrecarga

O jogo possui um sistema de recarga de armas, mas ao invés de ser o usual pente com um número de balas, armas devem ser recarregadas quando sobreaquecem: cada tiro disparado com a arma irá fazer com que ela se aqueça, e tiros consecutivos farão com que ela se recarregue automaticamente.

Você pode recarregá-la manualmente apertando a tecla R, ou pode simplesmente atirar com mais calma, ou alternar entre as armas para não ter de recarregar frequentemente.

Powerups

No mais, caberá a você conservar seus medidores de escudo e vida, matando os inimigos rapidamente, desviando de seus tiros, e escondendo-se usando o sistema de cobertura. O escudo recarrega-se automaticamente quando você fica algum tempo sem levar tiros.

Durante as fases, você também terá acesso a itens que cairão após os inimigos morrerem, que poderão te dar dinheiro extra, chips para upgrades de armas, vidas extras, ou ainda um buff temporário de dano extra para as armas ou um mini-nuke que causará uma explosão próxima a você. Todos esses itens sumirão com o tempo, então pegue-os rapidamente!

Morte

Se morrer, tudo bem: você terá a opção de gastar uma vida, um item consumível, para reviver, criando um mini-nuke no lugar onde reviveu.

Caso contrário, terá de recomeçar a fase.

A jogabilidade é bem rápida, com muitos inimigos surgindo do nada, próximos a você, e com um grau de perigo muito elevado – levar 1 tiro de escopeta bem dado é mais que suficiente para arrancar todo seu escudo e boa parte da sua vida, por exemplo.

Também destaco a inteligência artificial, que embora simplista, dá um grande trabalho, com inimigos se escondendo atrás de objetos, rolando e pulando entre eles com muita agilidade.

As fases em geral são bem lineares, mas não contam com nenhum indicador que facilite a sua navegação por elas. Em geral, você irá seguindo, até o final da fase, com exceção de telas onde você fica parado com algum evento, como defesa de ondas, ou tendo que destruir subchefes ou mesmo chefes.

Por enquanto, não há possibilidade de remapeamento de comandos. Porém, se você tiver um joystick plugado, o jogo oferecerá a chance de utilizá-lo como controle do jogo, podendo você utilizar o analógico esquerdo para mover o personagem, e o analógico direito para mirar – mesmo tendo a possibilidade de atirar sem mirar, com mira automática, caso você ative a opção de assistência de mira (aim assist).

Arte

Gráficos e interface

O jogo possui gráficos simples, mas um tanto agradáveis. O estilo visual do personagem e dos inimigos é meio poligonal com cel-shading, lembrando levemente algo como Borderlands, porém numa proporção mais picturesca.

O cenário é bem detalhado, embora simples em termos de layout, faz um ótimo trabalho na ambientação, com iluminação artificial, sombras detalhadas e cores fortes.

A interface é muito compacta e polida, com indicadores claros e bem intuitiva, além de combinar perfeitamente com a identidade visual do jogo. Alguns reclama que em resoluções maiores a interface ocupa muito espaço na tela, mas certamente devem eventualmente resolver isso.

Se o jogo não rodar liso, ou achá-lo feio, confira as opções do jogo: embora seja simples, existem uma porção de presets gráficos, que irão fazer o jogo comportar-se ao PC mais humilde, ou utilizar o máximo da máquina mais potente.

Sons e música

Em termos sonoros, o resultado ficou bem legal. O jogo utiliza de músicas eletrônicas, caindo sempre pro lado de dubstep, e devem agradar a muitos jogadores. Até eu que não sou fã do gênero não reclamo do resultado, que combina muito bem com a atmosfera do jogo.

Os sons em geral de armas e inimigos são medianos, pendendo pra repetição excessiva, que só não acontece por ter uma mistura constante de inimigos.

Duas coisas destacam o jogo em termos visuais e sonoros: a utilização de um zoom sobre o personagem que passa de nível, acompanhado por um efeito de câmera lenta, e uma narradora do jogo que sempre fala MELEE KILL quando um jogador mata o inimigo com ataque corpo-a-corpo.

Cooperativo

Cooperativo online

O jogo já conta com suporte a 4 jogadores simultâneos online, com conexão direta entre os jogadores feita sem nenhum problema. Não tive quaisquer problemas me conectando a nenhum jogador, nem para ser host.

Outro fator positivo é o fato de ser drop-in: é muito fácil entrar em uma fase em andamento, e ajudar quem estiver com problemas. Inclusive, se você morrer e não tiver vidas, basta sair da sala e reentrar!

A restrição se dá no fato de você precisar ter completado a missão para ver jogadores que estejam nela… ou seja, se você só liberou até a 10ª missão, não poderá entrar em fases posteriores hosteadas por outros jogadores.

Um ponto interessante a detalhar é que em partidas multiplayer, o loot é separado, portanto, pode pegar tudo que você ver! Ressalto também que há colisão entre jogadores, então é comum alguma confusão na hora de pegar loot, com gente se atrapalhando sem querer…

E lembre do que destaquei do jogo na parte de gráficos e sons (o zoom ao passar de nível, e a narradora falando melee kill)??? Pois é: em multiplayer, isso tem mais destaque ainda. Várias vezes, algum jogador passará de nível, e o jogo fará questão com que TODO MUNDO DA SALA saiba, dando um zoom nele e deixando tudo em câmera lenta.

Mesma coisa para quando qualquer jogador matar um bixo com porrada: você saberá na hora, ouvindo o MELEE KILL da narradora. É um pouco incômodo, eu diria.

Hosteando partidas

Para hostear uma partida, baixa deixar “online” na hora de iniciar uma missão, e automaticamente, qualquer jogador que estiver jogando e tenha sua missão liberada poderá entrar em sua fase. Você poderá facilmente também ver quantos jogadores estão jogando no momento.

Por hora, não há como criar uma sala fechada em multiplayer, nem restringir outros jogadores de joinarem com senha ou algo do gênero. Pode ser algo ruim para quem quer jogar com uma sala apenas com amigos, e certamente será corrigido no futuro.

Outro probleminha técnico é que sempre que uma missão multiplayer acaba, o grupo se desfaz. É algo interessante ao jogar com desconhecidos, mas jogando com amigos, pode ser chato também, ter que toda vez se agrupar numa fase de um dos jogadores.

E ai entra o outro problema: a falta de chat. Não há chat por texto, nem por voz no jogo, fazendo com que os jogadores dependam de uma forma de comunicação externa.

Pra ser sincero, o jogo é simples e não exige comunicação para ser bem jogado, mas não faria mal algum ter um chat.

Cooperativo local

Na atualização 1.6, lançada após a análise, adicionaram um modo cooperativo local chamado Arcade, com o diferencial de ter uma progressão de personagem limitada. Porém, é necessário ter controles para jogar o cooperativo local.

Neste mesmo patch também foi adicionado um modo Deathmatch online.

Veredito

Meltdown é um jogo com um conceito muito simples, uma jogabilidade rápida e amigável, uma dificuldade sólida, e certamente, totalmente cooperativo.

Sendo ele um port de jogo mobile, certamente representa algo muito bem feito, estando no limite de um jogo muito complexo para mobile e muito simples para PC.

Como deixei claro, não tive qualquer problema em me conectar a outros jogadores, e isso facilitou muito minha transição para o multiplayer. Usualmente não gosto de jogar com desconhecidos, mas no Meltdown, fiz isso sem problema algum, e não vejo motivos para jogar sozinho.

Os sistemas de progressão também me surpreenderam, tendo não só uma boa profundidade, como também sendo renováveis, em função do sistema de reset.

Quem curte jogos arcade de tiro, e imagina como seria um jogo de ação da era de ouro dos 16 bits nos dias de hoje, acho que nada poderia caracterizar melhor Meltdown do que isso!

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